Instrumento lançado pelo Lab no Brasil em 2018, Distributed Energy for Social Housing (DESH) assinou um memorando de entendimento com a prefeitura de Belo Horizonte, no dia 22 de julho. O serviço oferece energia solar mais barata a condomínios de baixa renda. Através da parceria, o PopLuz, produto comercial resultante do DESH, fará o cadastro de potenciais clientes interessados no serviço entre residentes de moradias populares da cidade.
O mecanismo foi concebido pelas empresas Endless AB e E-gás como forma de popularizar a energia solar, pois permite que famílias desfrutem dos benefícios sem necessidade de investimentos para a instalação de painéis solares. Além disso, o custo da conta para o consumidor final pode ficar até 20% mais baixo em relação aos valores atualmente pagos.
“Energia solar é uma tecnologia já madura, que é realidade no Brasil e que oferece vantagens ambientais e econômicas. Através do PopLuz, buscamos democratizar esta possibilidade tornando-a também acessível para famílias que não têm possibilidade de fazer investimentos”, explicou Eduardo Rechden, da Endless. “Nossa solução proposta de uma estrutura cooperativa agrupa várias clientes em uma única entidade desenvolvida e gerenciada pela PopLuz”.
Até o fim do ano, o PopLuz espera cadastrar dez mil possíveis clientes e começar a atender as primeiras famílias já no primeiro semestre de 2020. Este projeto inicial pretende contratar 5 megawatts de energia solar e distribuir para comunidades de Belo Horizonte.
“Para a primeira fase, escolhemos Belo Horizonte por várias razões: o bom nível de radiação solar que recebe ao longo do ano, a boa vontade e apoio da prefeitura, as altas tarifas cobradas do público-alvo, e o fato de o estado de Minas Gerais ter a legislação bastante favorável a projetos de energia solar. Além disso, Belo Horizonte, uma metrópole com mais de 2 milhões de habitantes, serve de referência para outras grandes cidades do Brasil”, disse Frederico Meinhardt, da E-gás.
As famílias podem se registrar através do telefone celular ou manualmente. Elas serão agrupadas em cooperativas que alugaram usinas ou parte de usinas solares. A energia será transformada em créditos que serão distribuídos proporcionalmente entre os participantes. Estes créditos serão abatidos da conta de luz, e o custo total com eletricidade diminuirá.
“Vamos analisar as necessidades energéticas de cada família de acordo com o seu histórico de consumo, e para cada família será alocada uma fatia da usina que corresponda ao que necessita”, disse Rechden.
Depois de consolidar o piloto, a ideia é replicar para outros bairros da cidade, depois para o estado de Minas e, posteriormente, para os estados do Nordeste. O público-alvo é de 73 milhões de pessoas e a meta é atingir 2% disso até 2030, equivalente a 1,4 milhão de clientes e a 300 megawatts de energia solar.
“Uma das principais motivações por trás do PopLuz é o tamanho do mercado potencial e a falta de alternativas de financiamento de energia solar para este público”, disse Meinhardt. “Ao incluir um grande número de novos clientes no mercado solar, estaremos contribuindo para o aumento da demanda por novas fazendas solares e consequentemente atraindo investimentos para este fim”.
DESH é um dos projetos desenvolvidos e lançados pelo Brasil Innovation Lab for Climate Finance. O Lab identifica, desenvolve e lança instrumentos de financiamento climático transformadores que podem gerar recursos para enfrentar as prioridades climáticas. Além do DESH, o Lab já lançou 34 instrumentos financeiros desde 2014. Ao todo, eles mobilizaram coletivamente US$ 1,9 bilhão em investimento sustentável no mundo.